sábado, 7 de setembro de 2013

ESCRITOR JAPARATUBENSE É ENTREVISTADO POR SITE DE CULTURA

Em: CULTURA INTERATIVA   06/09/2013

Por Messias LibórioFlávio 5

O poeta é um persistente, sonhador, observa o mundo à sua volta de uma forma única, conseguindo transpor para versos a realidade. Ou até mesmo criar uma realidade. F. J. Hora, poeta nascido e criado em Japaratuba, estado de Sergipe, filho de um músico local, se entrega à luta contra a cada vez maior distância que a sociedade tem das letras e da cultura. Luta com as armas que tem. Se um dia será vencedor, o tempo dirá. Mas a luta não será em vão se ele conseguir fazer com que sua palavra rompa as barreiras da mesmice e da ignorância.

Cultura Interativa:  Quando a poesia apareceu em sua vida? E por que a escolha da poesia e não da prosa, de maior tradição na língua portuguesa?

F. J. Hora: O dia 12 de Abril de 1998, quando escrevi minha primeira canção, pois gostava de cantar, costumo chama-lo de “Despertar Poético”.  Na verdade, desde criança, através do gosto pela música e pela leitura, tive a ideia de escrever.

A poesia foi o texto preferencial pela aproximação com a música, no início, mas também sou adepto da prosa. Escrevo crônicas, novelas, além de romance.

CI: E o seu prazer pela leitura, quando surgiu? Quais são os escritores/poetas que mais te incentivaram para percorrer esse caminho?

FH: Desde que aprendi a ler, quando tinha seis anos de idade, pois minha mãe é professora. No início, interessava-me pelas histórias (narrativas) dos livros e cordéis. Depois, veio o interesse em conhecer os costumes e a cultura.

Quando adentrei realmente no mundo da literatura, tive grande identificação com as obras de Camões, Bocage, Machado de Assis, Graciliano Ramos. Depois, como crítico literário, li outros autores com José de Alencar, Fernando Pessoa e Vinícius de Moraes.

CI: Você tem algum processo para escrever suas poesias? Onde busca sua inspiração?

FH: Atualmente, identifico meu próprio estilo. No início me preocupava com a rima e o conceito das coisas o que evoluiu para uma linha de poesia com embasamento filosófico – processo esse que denominei de arrumação artística do pensamento. Em 2004 desenvolvi o processo de heteronímia, o que fez com que me interessasse por outros autores que desenvolveram esse processo, no caso Fernando Pessoa.

A inspiração vem da própria literatura através das características com as quais me identifico em cada escola e da vida cotidiana com seus mistérios, situações-problema e o conceito. E mais, as musas (mulheres idealizadas) ou heterônimas que compõem o que chamo de Universo Originalista.

CI: Qual são as principais dificuldades em residir numa cidade que não é uma capital, onde normalmente se desenvolvem a maior parte da produção cultural?

A primeira dificuldade é com a divulgação e a valorização, pois geralmente, a maioria das pessoas só acredita naquilo que está na mídia, na moda e nos holofotes, muitas vezes sem qualidade intelectual.  Depois vem o “analfabetismo cultural”, onde muitos têm uma visão errada do trabalho artístico que muitas vezes tem que ser apresentado comercialmente para despertar interesse.

CI: Como foi o caminho para a publicação do seu primeiro livro? Conte as dificuldades em arrumar editoras interessadas em publicar o material.

FH: Sempre escrevi na intenção de um dia poder publicar. Inclusive, publiquei nas antologias da CBJE do Rio de Janeiro, tendo um dos poemas escolhidos como um dos melhores de 2012. Somente após 14 de literatura decidi enfrentar a jornada para a publicação de um livro. De todas as cinco editoras que enviei os originais apenas uma se interessou, mas exigia mais de R$ 15000,00 (quinze mil reais) como 50% do total, um absurdo perante os orçamentos em outras editoras. Após tentar alguns patrocínios, decidi publicar com recursos próprios, arriscando algum prêmio, pela primeira vez no festival de poesias local, ano passado, para ajudar no custeio. Após meses juntando o dinheiro, consegui através de uma Editora do Rio, a Câmara Brasileira de Jovens Escritores, a publicação de apenas 40 exemplares.

CI: Você procurar conhecer o que está se produzindo no campo da poesia atualmente no Brasil? Em caso afirmativo, quais autores você indica como grandes revelações?

FH: Sim, sempre fui adepto da criação literária como objeto de inovação que contribuísse para a história da literatura. Foi assim que através da crítica literária fiz um estudo das correntes literárias e elaborei um material onde apresento o meu próprio estilo e ao mesmo tempo, a proposta de continuação da história da literatura com uma nova escola literária.

Entre inúmeros autores contemporâneos, um se destaca pela corrente filosófica e religiosa de suas obras. Seus poemas e contos contribuem para a fruição e ao mesmo tempo a reflexão. É Carlos Maia, nome artístico de Carlos Henrique Pereira Maia, de Niterói-RJ.

CI: Você ganhou alguns prêmios pelas suas poesias. Acha que é um campo que ainda pode alcançar um grande interesse da população? Cite os prêmios que você recebeu.

FH: Sim, apesar de não ser adepto de concursos pela formatação com que é concebido. O interesse da população está ainda atrelado aos patrocinadores, geralmente políticos com intuito de entreter ou se promover socialmente. Porém, se realmente bem divulgado e dado o devido valor, pode despertar grande interesse.

Em 2012, na intenção de me apresentar ao público japaratubense. Participei do XVI Festival de Poesia Falada, conquistando o 4º lugar com um poema sobre o centenário do Rei do Baião e um cenário natural.

CI: Você é um defensor da internet como plataforma de divulgação do seu trabalho? Considera que ela de alguma forma contribuiu ou está afastando a população da leitura?

FH: Não sou. A internet é apenas uma alternativa provisória de divulgação. Defendo que a internet deve ser um veículo informativo que possa apenas facilitar o acesso á leitura de bons livros e não substituí-lo. Da forma como vem sendo valorizada, inclusive as redes sociais, as novas gerações tem dificuldade em se acostumar com os livros e o prazer da leitura.

CI: Tivemos meses atrás um livro de Paulo Leminski entre os mais vendidos, algo anormal para a produção da poesia. Em sua opinião você acha que foi um fato isolado ou há um caminho a ser trilhado por outros poetas para alcançarem vendagens maiores?

FH: No âmbito geral das publicações contemporâneas eu diria que não, mas na literatura como concebemos na sua forma tradicional, sim, principalmente na poesia. Acredito que alcançar altas vendagens nos dias de hoje, a produção deve ser atual, porém com abordagem vanguardista ou que fuja dos padrões tradicionais de poesia como é o caso de Paulo Leminski.

CI: Quais são seus próximos projetos na área literária?

FH: Por escrever desde 1998 tenho vários projetos. O primeiro, já encaminhado – a publicação do primeiro livro, que na verdade é uma antologia, pois reúne a evolução da minha poesia desde 2000 até Junho de 2012. A produção anterior será publicada em outra oportunidade, intitulada de “Primeiros Versos” ou “O Despertar Poético”. O segundo projeto é a consolidação do primeiro, pois o leitor já familiarizado com a linguagem conhecerá o meu estilo literário e ao mesmo tempo um estudo da literatura contemporânea e proposta de um novo estilo literário.

Os demais projetos são os livros com poesias de autoria dos heterônimos e as minhas (eu-mesmo) que foram produzidos nesses últimos 15 anos. Alguns já terminados, outros em conclusão. O segundo livro será a “Síntese Literária: O Originalismo como Arte no Século XXI”.

CI: O que você acha da participação governamental no campo da cultura?

FH: Ainda está muito longe de se falar que o governo tem interesse na cultura. Atualmente, vemos a arte se transformar numa mercadoria cara, onde só uma elite tem acesso e o povão fica com apenas o que a mídia impõe como produto cultural.

CI: Como você vê o futuro da cultura no nosso país?

FH: Na verdade, uma pseudocultura – uma tentativa de resgate, aonde a essência vai sendo modificada. A cultura precisa existir natural e ao mesmo tempo rígida ás suas regras, á identidade. O Brasil caminha para uma valorização tendenciosa, como um ato simbólico, algo precioso, ou seja, a cultura ainda é como um diamante não lapidado – é preciosa, mas, o seu brilho não aparece.

 

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