sexta-feira, 28 de junho de 2013

IDEOLOGIAS DE DOMINAÇÃO E SUAS INFLUÊNCIAS NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

 

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo está alicerçado na construção da cidadania de forma reflexiva e crítica perante os acontecimentos e eventos atuais que venham a alterar o modo de vida e o meio ambiente do nosso país e a sua repercussão em nosso estado e meio social.

Segundo JOHANN (2012): “o grande fascínio da humanidade foi e continua sendo o fantástico desenvolvimento tecnológico”.

A ideologia como instrumento de manipulação e de dominação e suas ameaças á garantia da cidadania será a direção para investigar os problemas atuais.

A ausência de políticas públicas educacionais eficazes e os investimentos no agronegócio como um fator de degradação dos recursos naturais são os primeiros pontos a serem investigados. O aquecimento global como resultado dessa política desenvolvimentista e a busca acirrada de lucros explorando até a exaustão dos recursos hídricos e desmatamento.

A força política dos detentores dos meios de produção e da mídia organizada como dispositivo de alienação e formação de opinião para o avanço do capitalismo com a “coisificação” das relações homem-mercado, a exemplo das instituições de ensino, seja privada ou pública, os alunos passam a ser clientes ou massa de manobra para a aplicação dos meios legais de liberação de verbas e projetos que superfaturam as contas públicas.

A quantidade em detrimento da qualidade. Os padrões pré-estabelecidos que uniformizem os cidadãos a optarem por situações de dependência da exploração da mão-de-obra qualificada cada vez mais escassa e assim impor condições para a massa de profissionais mecanizados.

Dentro desse contexto, questiona-se: Como ser cidadão em um mundo onde o homem é objeto e vítima do que ele mesmo constituiu (tecnologia)? Será que tem como gerar desenvolvimento econômico sem afetar o meio ambiente e as relações do homem com a natureza?

Nesse sentido, esta pesquisa tem como objetivos: a) avaliar de que forma os conhecimentos e valores construídos podem promover a cidadania b) refletir sobre como ciência e tecnologia influenciam nossa visão de mundo; c) discutir sobre a viabilidade da utopia de um novo homem e uma sociedade.

Justifica-se este trabalho de pesquisa como um parâmetro de reflexão e análise da evolução histórica do ser humano em seu processo de ideologização e como isso impacta no exercício da cidadania.

As explicações que o homem dava a respeito dos fenômenos naturais na era primitiva contrastam com o cientificismo e a evolução tecnológica atual.

Portanto, esse trabalho é resultado de todas as ideologias ou processos de ideologização que moldaram o homem atual inseridos em um contexto social amplo, na qualidade de cidadão.

A metodologia baseou-se na busca de dados e situações do cotidiano que tornam o cidadão vítima do estresse e do consumismo e quais os sistemas de manipulação e dominação contribuem para esse comportamento. Além da leitura de livros de filosofia, sociologia, a economia também contribuiu bastante para o entendimento de como se formou o pensamento capitalista, o pai de toda essa nossa crise existencial.

2 A AUSÊNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS EFICAZES

Apesar do século XXI se mostrar crescente em movimentos de conscientização e mobilização social, ainda somos carentes de uma política pública que vá direto ao problema, pois, em sua maioria são ações paliativas e que ostentam atuações do governo na área, mas que não conseguem dar resultados positivos, ou seja, a pedagogia aplicada refere-se á educação profissional e tecnológica como geradora de desenvolvimento econômico.

A esta realidade do nosso país está a mudança do “público alvo” como estratégia de marketing. As instituições de ensino sejam elas públicas ou privadas tratam seus alunos como clientes potenciais ou instrumento para arrecadação de verbas.

A educação profissional e tecnológica, em termos universais, e no Brasil em particular, reveste-se cada vez mais de importância como elemento estratégico para a construção da cidadania e para uma melhor inserção de jovens e trabalhadores na sociedade contemporânea, plena de grandes transformações e marcadamente tecnológica. (MEC, 2004, p.7)

O contraste entre a proposta do governo em realizar a construção da cidadania e a inserção de jovens e trabalhadores perante as transformações tecnológicas é cada vez mais visível. Segundo JOHANN (2012): “como isso se viabilizará se historicamente a escola e os processos educativos sempre se prestaram como instrumentos de reprodução da ideologia dominante?”.

No entanto, não dúvidas de que a educação é o único meio de se formar cidadãos autores da sua própria história e não apenas soldados do “exército de reserva” para mão-de-obra barata ou profissionais que seguirão á risca as leis de mercado, sob pena de “sucumbir” ás oscilações e especulações financeiras e econômicas.

A tentativa, pelo menos teórica, de evitar a tendência capitalista de transformação da estrutura social em mercadoria, é enfraquecida cada vez mais pelas exigências do mercado em qualificação, competitividade, liderança e produção, fatores esses que acabam atropelando o processo de reflexão e resgate dos princípios éticos e valores que inserem o indivíduo não só como cidadão, mas como ser intelectual, cultural e histórico, sem passar pelo peso do poder aquisitivo.

O mercado de trabalho, devido á sua extensão e importância para a manutenção da renda por si só inibe o acesso dos trabalhadores á cultura, geralmente influenciadas pela mídia e veículos de comunicação de massa que impõe sua ideologia de consumismo e euforia com as facilidades de crédito e fácil endividamento.

Segundo o MEC (2004), as políticas públicas focadas no cidadão, jovem ou trabalhador direcionadas ao desenvolvimento do Brasil visam: a) consolidação de ações efetivas que resultem no aperfeiçoamento da democracia; b) a melhor qualificação do cidadão, jovem ou trabalhador; c) a redução das desigualdades sociais e a sua participação como agente de transformação.

Aperfeiçoar a democracia tem sido um ideal que se resume unicamente no voto, induzindo o cidadão a ser tratado sobre a ótica político-partidária como eleitor. E essa concepção, como parte da visão de mundo, interessam aos homens públicos que querem se perpetuar no poder através do aumento da demanda, estresse e consumismo e consequentemente, não sobrar tempo para a organização social e sim, descarregar as tensões com a política do pão e circo.

Consolidar ações efetivas nesse campo está ligada á conscientização, hoje, dependente da boa vontade, de pessoas desprendidas do objetivo financeiro, combatendo os exploradores da ação solidária e, os oportunistas que praticam a ação social como forma de ascensão política.

A melhor qualificação tem dois caminhos a serem trilhados. O primeiro, é a orientação vocacional que faz com que o novo profissional se encaixe no mercado não só pelo retorno financeiro, mas pela contribuição na melhoria da qualidade de vida da coletividade. Segundo, o caminho que a ambição pelo poder e dinheiro nos leva, que é a quantidade em detrimento da qualidade e, o resultado, muitas vezes, são profissionais voltados unicamente para a manutenção da economia de mercado – produzir bens e serviços para atender ás necessidades não de quem precisa, mas quem tem dinheiro para compra-los.

Reduzir desigualdades e ser o agente de transformação só será possível quando o cidadão, no pleno exercício de sua cidadania, tomar consciência do seu papel como agente histórico, ou seja, não é o político, grande empresários ou celebridades que compõem os livros de história, mas de cidadãos que conhecem seus direitos e cumprem seu deveres e são dotados de senso crítico para mudar, ampliar ou revogar leis que firam os direitos naturais do ser humano.

E nesse âmbito, as disparidades sociais estacionam diante da importância do desenvolvimento econômico e da proposta de uma educação pública de qualidade. Portanto, as políticas públicas na área da educação merecem grande atenção, seja através de conselhos, ou fiscalizações feitas pela sociedade organizada exercendo uma pressão cada vez mais forte no poder público.

3 O AQUECIMENTO GLOBAL

O aquecimento global é resultado da política desenvolvimentista e a busca acirrada de lucros explorando até a exaustão os recursos hídricos e desmatamento resultantes dos investimentos no agronegócio como um fator de degradação dos recursos naturais.

“... as principais atribuições para o aquecimento global são relacionadas às atividades humanas, que intensificam o efeito de estufa através do aumento na queima de gases de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão mineral e gás natural.” (Wagner de Cerqueira e Franscisco, Brasil Escola)

O efeito estufa perdura como a principal figura ou agente causador do aquecimento global. Não só o gás carbônico (mais de 60%), mas o metano e óxido nitroso. E mais, não é sós os setores industriais, de transporte e consumo residencial, mas a agricultura.

Na agricultura, as emissões devem-se principalmente à fermentação entérica dos rebanhos de ruminantes, que incluem o gado bovino, responsáveis pela quase totalidade do metano eliminado no setor. Os dejetos dos animais nas pastagens, por sua vez, contribuem com boa parte das emissões de óxido nitroso. (CAMARA DOS DEPUTADOS, 2008, p. 44).

O setor considerado primordial para a manutenção da produção de alimentos do planeta está cada vez mais ameaçado. Com o advento do agronegócio, uma das políticas de desenvolvimento econômico, incentivados pelos programas de financiamento do governo como PRONAF, aumentou-se o PIB, porém causou devastações de áreas florestais e o esgotamento dos recursos hídricos para manter a lavoura nos longos períodos de estiagem. Segundo a EMBRAPA (2008): O aquecimento global pode comprometer a produção de alimentos, levando a perdas que começam com até R$ 7,4 bilhões em 2020, podendo atingir R$ 14 bilhões em 2070.

Não é preciso ir muito longe, rios sergipanos, como é o caso do Rio Japaratuba, o seu leito vem sendo comprometido, canalizados ou mesmo desviados para darem lugar á plantação de cana e serem usados na irrigação. Além das queimadas para que sejam efetuadas as colheitas, além de contribuir para a poluição das cidades como a cinza produzida pela queima do painço.

E ai, os estudos climáticos e econômicos da região apontam para uma situação de ineficiência das políticas públicas contra o aquecimento global. Aliados ás expectativas do aumento do PIB com as principais lavouras, estão a de que é preciso criar um novo perfil geográfico das principais regiões afetadas, principalmente, o semi-árido nordestino. A população terá que se adaptar, ou seja, aprender que a seca é inevitável, ou seja, mais um fator de dominação para evitar a mobilização social.

O grande problema são os períodos de grande euforia econômica, onde se aumenta o consumo e, consequentemente a produção de lixo e poluentes que são emitidos diretamente na natureza sem nenhum tratamento. A educação como ferramenta de transformação social deve ser gradual e progressiva, sem esfriar no tempo, mas em constante manutenção.

O homem atual está se dando conta muito rapidamente dessas contradições inerentes ao processo de desenvolvimento científico. (...)...está especialmente preocupado com as mudanças climáticas resultantes do superaquecimento do planeta e os consequentes fenômenos aterradores que têm acontecido. (JOHANN, 2012, p. 61).

Portanto, o efeito estufa é resultado de uma cultura desenvolvimentista onde o poder aquisitivo fala mais alto e para isso ocorre a poluição dos rios, os desmatamentos, seguido de queimadas, seja para o aumento da produção industrial, seja para o desenvolvimento do agronegócio – o principal agente capitalista que mudou a cara da agricultura familiar.

4 A força política dos detentores dos meios de produção e da mídia

Não há como negar a influência e a força política dos detentores dos meios de produção e da mídia organizada como dispositivo de alienação e formação de opinião para o avanço do capitalismo com a “coisificação” das relações homem-mercado, a exemplo das instituições de ensino, seja privado ou público, os alunos passam a ser clientes ou massa de manobra para a aplicação dos meios legais de liberação de verbas e projetos que superfaturam as contas públicas.

Do ponto de vista da Antropologia e da Sociologia, é a partir do conceito de cultura que podemos entender o homem como ser cultural e social. Inserido numa comunidade, e esta por sua vez dotada de cultura, o homem, independentemente de sua base biológica, acaba detendo um componente cultural e seu comportamento é essencialmente influenciado por ele. (BARRETO, 2012, p.32)

As contradições do desenvolvimento científico. Até que ponto isso é benéfico para a humanidade, dotada de pensamento, inteligência e, principalmente, ambições de poder? Em torno da evolução da ciência estão os políticos e os produtores de bens e serviços, as grandes empresas que investem pesado na indústria dos frutos da tecnologia que tanto encantam e “facilitam” a vida das pessoas, uma delas é a indústria cultural.

O homem como ser cultural e social, na formatação atual, é resultado de uma lavagem cerebral que transformou o conceito de cultura como algo defasado ou sazonal, enquanto a socialização assumiu o mundo virtual, da internet, da informatização como um dos principais meios de comunicação de massa. E com a velocidade com que as informações veiculadas na internet atingem o público alvo, ficou mais fácil controlar e manipular as ações, desejos e até a vida íntima das pessoas, como é o caso das redes sociais que detém o maior banco de dados do mundo sobre a vida e comportamento das pessoas como fotos, o que pensam, sentem ou fazem diariamente.

A vida em rede mudou as regras do convívio social. Experimentamos uma realidade onde o homem é vítima do próprio homem através de suas descobertas e inovações tecnológicas, o aumentando o estresse e o consumismo. Tudo isso para atender ás leis do mercado.

Somos cobaias das estratégias de mercado e somos aos poucos modelados e padronizados para atingir uma determinada meta de um agente político ou econômico. A cada dia uma nova ideia é inserida sem que questionemos a sua origem e a sua intenção e, muitas vezes mudam nossa forma de pensar e de agir, induzindo a fazer a vontade dos dominadores.

No Brasil, a industrialização, implantada a partir da década de 1930, criou condições para a acumulação de capital e a política econômica, por conseguinte, voltou-se para os setores de produção, deixando de lado a pecuária e a agricultura tão caras ao Brasil. O resultado foi o desemprego, a precária condição de vida, visto que boa parte dos desempregados do campo, ao deslocarem-se para as cidades em busca de emprego, acabaram criando uma massa periférica, fazendo reinar o subemprego, a pobreza e, por vezes, a marginalidade. (BARRETO, 2012, p. 71)

Essa massa periférica é, em sua maior parte, é o mais vulnerável às ideologias de dominação, uma vez estando desassistidos de boa educação, saúde, cultura e lazer. Geralmente, alimentam sonhos consumistas de terem acesso ás tecnologias, roupas de grife, a moda da estação. São pessoas que imitam seus ídolos da música, da telenovela e tudo o que a mídia padronizada investe para encantar e usar as pessoas como fantoches para atingirem suas metas de vendas e índices de audiência.

Se por um lado a industrialização causou o desenvolvimento econômico, por outro aumentou as desigualdades sociais. Apenas uma minoria conseguiu acompanhar, controlar e deter os meios de produção e desfrutarem dos resultados obtidos. O nosso país mudou a política econômica, antes agrária, agora industrial.

E aliado a esse poder econômico vem a força política. Hoje, a política partidária é um dos maiores instrumentos de ascensão social e econômica. Através dela muitos mudam de vida de uma hora para outra, seja adentrando na vida pública e conquistando adeptos e seguidores, seja consolidando suas empresas, seja acumulando fortuna.

Portanto, por traz de toda uma parafernália de ferramentas tecnológicas e da indústria crescente e uma população carente de educação, saúde e ação social estão os políticos e a mídia padronizada ditando as regras do jogo.

5 A quantidade em detrimento da qualidade

Os padrões pré-estabelecidos que uniformizem os cidadãos a optarem por situações de dependência da exploração da mão-de-obra qualificada cada vez mais escassa e assim impor condições para a massa de profissionais mecanizados.

(...) A formação para o exercício da profissão. Afinal é ela o único meio de acesso ao mercado de trabalho. Com isso, cresce a sobrevalorização do pragmatismo, da eficiência técnica e do conformismo. (BARRETO, 2012, p. 120).

O mercado de trabalho, atualmente, é regido por uma cultura global dominante resultante da propagação dos valores dos ricos e poderosos. A valorização da qualificação (formação profissional) acaba por deixar em segundo, ou até terceiro plano, valores como engajamento, mobilização, solidariedade e comunidade.

A escolha de profissões ou carreiras estão atreladas a dois verbos criados pela globalização em nome do desenvolvimento capitalista: ter e poder, ou seja, a quantidade em detrimento da qualidade. O nosso sistema econômico cria as dificuldades para que, inconscientemente, sejamos convencidos da solução tecnológica ou mercadológica apresentada.

Como síntese desse modelo de desenvolvimento atual tem a desaculturação local, ou seja, através da disseminação de mudanças de comportamento que batem de frente com os valores tradicionais, vai se formando uma “cultura universal”.

O mundo do trabalho tem se revelado o palco por excelência a expressar os anseios e os conflitos do mundo atual. É nele que a ideologia da máxima produção/consumo se traduz. (...) O homem moderno tem estabelecido o seu ponto de referência fora de si mesmo. O próprio conceito de homem foi reduzido às coisas que ele tem. Diante disto, alguns se neurotizam por não conseguirem o mínimo suficiente para sobreviver e outros porque têm demais e se empanturram de tanto consumir. (JOHANN, 2012, p. 181).

Esse contraste entre mercado de trabalho e bem-estar social são resultados da transformação cultural pela qual passa o homem atual. E ai, o conflito existencial entre não ser “engolido pelo mercado”, ou seja, fica para traz, ou se engajar em lutas sociais em busca de melhores condições de trabalho e, consequentemente de vida. Fazer opção por atividades laboriosas, ou intrinsecamente intelectuais, são crises doenças do homem moderno.

E a desfilada da produção e consumo parece cada vez mais dominadora, arrastadora de ideais baseados no sucesso profissional (misto de altos ganhos com reconhecimento e fama), mesmo que não chegue á realização pessoal (meio termo entre trabalhar menos, ganhar mais).

Diante disso, concluímos que as relações homem-mercado é o espelho para os chamados homens de sucesso. A escola, como meio legítimo de mudança e abertura para a construção de um novo homem não está preparada para receber um aluno (ou cliente na linguagem mercadológica) fruto de um convívio familiar e social desestruturado.

A entrega do homem á fome desmedida pela riqueza e poder para ser “alguém na vida”, cria medos e inseguranças diante de enfrentar o desconhecido, gerando o conformismo e a aceitação de tudo o que a indústria de sonhos insere em nossas vidas como alternativa aos nossos anseios e carências.

5 Como ser cidadão NOS DIAS ATUAIS?

Como ser cidadão em um mundo onde o homem é objeto e vítima do que ele mesmo constituiu (tecnologia) Será que tem como gerar desenvolvimento econômico sem afetar o meio ambiente? É preciso amor e esperança.

Antes de tudo, é preciso acreditar na infinita possibilidade de transformação do homem e do mundo. Diante de tudo o que as circunstâncias atuais nos apresentam, está muito difícil manter os olhos iluminados. É natural que, diante de tantos desencantos, sobrevenha a tristeza e a desconfiança. (JOHANN, 2012, p. 181).

Acreditar que é possível transformar o homem e o mundo é o primeiro passo para manter a esperança. A cidadania plena é o resultado desse processo de bem estar coletivo, consciente e livre como seres humanos e habitantes do mesmo planeta. O homem precisa praticar o autoconhecimento para reconhecer seus defeitos e qualidades.

A educação como ferramenta poderosa de transformação social, intelectual e científica deve estar a serviço não só do poder econômico, mas resistir ás tendências cada vez mais de excluir da grade curricular disciplinas de cunho social, filosófico e artístico. Por mais contraditório ou fora de foco que pareça, além do perfil eficiente e produtivo ou rentável do novo profissional, deve estar intrinsecamente ligado um ser humano consciente, humilde e altruísta.

Segundo Johann (2012) deve haver um projeto de amorização. E ai, cabe aos profissionais da educação saberem como, por exemplo, falar de literatura para uma turma de matemática. Nada a ver, diriam. E esse distanciamento entre as áreas do conhecimento geram esse individualismo. E um dos caminhos indispensáveis para a concretização de um homem cidadão de paz e amor ao próximo é o pensamento em terceira pessoa. Quando a palavra é “nós”, não há exclusões.

Muito se falou em interdisciplinaridade, mas ficou apenas como um pensamento de alguém notável no campo pedagógico, mas que não há espaço para os alunos interessados com os processos mecânicos e estruturais da sua disciplina, como as ciências exatas e até as humanas que a depender do caráter mercadológico, mudam o foco.

No mundo onde crescem as instituições financeiras e econômicas, cada vez mais diminuem as instituições sociais. E não estamos falando de associações ou estruturas de organização jurídica, mas de camadas que compõem o alicerce e toda a estrutura que mantém o convívio social, ou seja, promovem a coletividade.

Partindo do pressuposto da amorização como base de transformação do homem e do mundo, os resultados devem ser a estrutura escolar como ampliação do universo do aluno, tornando-o familiar, remetendo ao amor e carinho dos pais (mesmo que muitos sejam carente devido á correria do mundo do trabalho) e inserindo mais disciplinas caráter reflexivo com o mesmo peso das disciplinas técnicas e dão nome ao curso. É preciso não só que ele aprenda a exercer a profissão, gerar renda para ele e para o país, mas ser a peça chave para diminuir as desigualdades sociais e preservar o meio ambiente.

A investigação científica deve não ser vista apenas como estudos de cura de doenças ou descobertas tecnológicas, mas um instrumento de reflexão ética. Pois são os resultados dessa visão cientificista e consequentemente distantes de tudo que possa imprimir um caráter emocional, ou amoroso, em relação á aplicação dos resultados.

Portanto, o homem precisa mudar os comportamentos perante á ambição capitalista e só as relações de amor ao próximo como a si mesmo é a solução. É esse amor que também o fará cuidar da sua casa, ou seja, promover o desenvolvimento sem agredir o meio ambiente e sem excluir as pessoas que precisam dele e não sustentar ou satisfazer os de maior poder aquisitivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de ainda existir resistência cultural de se escolher temas que estejam no âmago da disciplina como métodos, formas e tendências do mercado para o exercício da profissão, há uma necessidade de questionar as ideologias que dominam a escolha de profissionais e carreiras acadêmicas.

Não se admite mais que os novos profissionais deixem de lado as questões sociais, para se concentrarem unicamente no que “dá dinheiro”. Entregaram o fardo de refletir, lutar, conscientizar as pessoas para um mundo cada vez melhor aos artistas, filósofos e cientistas sociais, quando na verdade, tiraram essas disciplinas do centro das atenções da política desenvolvimentista.

Fala-se na literatura engajada, mas os setores da sociedade falam no poder econômico, tanto é que há livros comprados por exigência da carreira profissional e não pelo prazer do conhecimento e do enriquecimento cultural. O foco é só participar do que faz parte da área do curso. E os temas estão ai em evidência em noticiários, jornais, demais veículos de comunicação, protestos, manifestações, algo que chame a atenção de quem está somente preocupado em atender ás exigências do mercado.

As políticas públicas nesse setor acabam sendo transformadas em arquivo morto ou boa ideia em teoria, pois, na prática depende de voluntários e pessoas que estejam comprometidas com a educação e não somente com os ganhos salariais. Isso não quer dizer que não se deva lutar pela valorização do magistério, mas é justamente essa falta de atenção do poder público com a realidade salarial dos professores que acaba por enfraquecer as pernas do projeto de construção da cidadania.

E não só a sociedade responde á inercia do poder público, mas a natureza sobre a intervenção do homem. É o caso do aquecimento global que podia ser evitado ou amenizado, caso não fosse seguido radicalmente as regras do modelo capitalista dominador.

Com o advento da industrialização, nosso país mudou a cultura econômica e junto ao avanço tecnológico ascenderam as forças políticas dos detentores dos meios de produção sobre a massa consumidora. E ai, surgiu um dos personagens principais de toda essa história, a mercadoria.

Onde tudo vale dinheiro ou pode ser negociado, geralmente os fins justificam os meios. E a política da quantidade entra em conflito com a qualidade. A exploração do homem pelo homem tornou-o um ser social dependente de vender a sua mão-de-obra, pois não é possuidor de riqueza nem produz bens ou serviços.

Como resultado do questionamento desses eventos da vida moderna, a educação perdura como a ferramenta essencial para que se trilhe um caminho de mudanças e transformação em uma sociedade cidadã, ou seja, fazer com que o novo ser social, fruto da nova geração de aspiradores a futuros profissionais de sucesso, pondere as relações econômicas e sociais, chegando a um pensamento político onde a participação coletiva seja em favor de tudo e de todos.

A partir de quando se conhecem as causas e efeitos dos problemas sociais, além da gravidade dos problemas, há como seguir perseverantes sem a ilusão de que está tudo ás mil maravilhas, mas com a esperança de que é possível a transformação através do amor a si próprio e ao irmão.

Portanto, a inclusão de temas que fogem do âmago da atividade profissional das diversas carreiras, por si só é uma reação ás ideologias de dominação que desvia o homem do seu papel social para se concentrar somente na geração de renda e o fortalecimento das elites políticas e econômicas.

REFERÊNCIAS

JOHANN, Jorge Renato. Filosofia e Cidadania. 4 ed. Aracaju: UNIT, 2012.

BARRETO, Raylane Andreza Dias Navarro. Fundamentos Antropológicos e Sociológicos. Aracaju: UNIT, 2012.

RODRIGUES, Auro de Jesus. Metodologia Científica. 4 ed. Aracaju: UNIT, 2011.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2008.

ARENDT, Hannah. A condição humana. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

HORA, F. J. Poesia do Novo Tempo. Rio de Janeiro: Editora CBJE, 2012.

MEC, disponível em <portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/p_publicas.pdf>‎. Acesso em 21/05/2013

Wagner de Cerqueira e Franscisco Disponível em: <http://www.brasilescola.com/geografia/aquecimento-global.htm> Acesso em 21/05/2013

CÂMARA FEDERAL Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/641/aquecimento_global_introducao.pdf?sequence=3> Acesso em 03/06/2013

EMBRAPA, DISPONÍVEL em: <http://www.embrapa.br/publicacoes/institucionais/titulosavulsos/aquecimentoglobal.pdf> Acesso em 10/06/2013

 

Autor: Flávio de Jesus Hora – Escritor, poeta, romancista e crítico literário. Atualmente cursa Ciência Contábeis pela Universidade Tiradentes (UNIT). Publicou em 2012 o seu primeiro livro Poesia do Novo Tempo pela Editora CBJE, Rio de Janeiro.

Co-autores:

Caroline Santos Ribeiro[1]

Anne Priscila Gomes Bispo[2]

Matheus Oliveira Feitosa[3]

Luana Alves Vieira[4]


[1] Aluna do curso de graduação em Ciências Contábeis na Universidade Tiradentes (UNIT). 3º Período.

[2] Aluna do curso de graduação em Ciências Contábeis na Universidade Tiradentes (UNIT). 3º Período.

[3] Aluno do curso de graduação em Ciências Contábeis na Universidade Tiradentes (UNIT). 3º Período.

[4] Aluna do curso de graduação em Ciências Contábeis na Universidade Tiradentes (UNIT). 3º Período.

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